Chuva de poesia musical no Mimo Paraty

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Realizada entre 28 e 30 de setembro, a edição 2018 do festival Mimo, em Paraty, reuniu fãs de todos os cantos do país – e do mundo – no centro histórico do município, por meio de atrações culturais que tinham a música como fio condutor.

Comemorando 15 anos de existência, o festival, que começou a ser realizado em Olinda, em 2004, desembarcou em Paraty há cinco anos, e segue incansável na arte de surpreender o público com uma programação que foge do lugar comum em que muitos festivais musicais costumam habitar.

Para começo de conversa, o Mimo é uma iniciativa que atua em várias frentes, como música ao vivo, cinema e debate, fornecendo uma programação conceitual e rica, voltada àqueles que acreditam no poder musical e na importância dessa prática como instrumento de transformação social e educacional.

Na sexta-feira, 28, a programação do evento foi iniciada com o workshop ‘Vídeo Cenário’, às 10h, ministrado pelo DJ/VJ Montano, dentro do programa educativo do Mimo. Mais tarde, às 18h, a mostra de cinema estreou com o divertido curta ‘6 por 20’, sobre o maior baile charme do Brasil, realizado no Viaduto de Madureira, no Rio de Janeiro. A chuva que já assolava a cidade pode até ter atrapalhado um pouco tanto o público quanto os realizadores do Mimo, mas o mesmo não pode ser dito da banda colombiana Systema Solar, conjunto que se apresentou no palco da Praça da Matriz, fazendo festa através de uma sonoridade dançante.

No sábado, 29, os pingos ainda insistiam em molhar a cidade, mas o público presente fez questão de não deixar a empolgação diminuir por conta do tempo. A prova disso é que às 11h, muita gente já acompanhava o vocalista do Systema Solar, Walter Hernandez, que participou de um fórum de ideias intitulado ‘A cultura sound system da Colômbia: arte, tecnologia e liberdade’, realizado no Cinema da Praça – e mediado pela jornalista Chris Fuscaldo.

No mesmo dia, às 20h, uma multidão fazia fila no mesmo local para assistir ao longa ‘Legalize já – amizade nunca morre’, sobre a história de Marcelo e Skunk, fundadores da banda Planet Hemp. Um dos diretores do filme, Gustavo Bonafé, estava presente durante a exibição, o que deu à sessão um tom ainda mais solene. ‘Legalize já’ é bonito e, mais do que isso, emocionante e inspirador.

Ao final da programação de cinema, o povo já correu para o palco montado na Praça da Matriz, para conferir o show da cantora e compositora Letrux, cuja criatividade das letras, unida à estranheza positiva da sonoridade, chamou atenção do público. Após a performance dela, havia chegado a vez da banda Songhoy Blues, do Mali, mostrar seu som a Paraty. E eles não decepcionaram. A barreira da linguagem foi rapidamente derrubada por conta da apresentação animada do grupo.

No domingo, dia de encerramento do Mimo, o sol começou a dar as caras pela manhã, dando mais luz e cor à chuva de poesia que tradicionalmente encerra o evento, na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios. A ação foi realizada após o show de Carol Panesi & Grupo, vencedora do Prêmio Mimo Instrumental, que também aconteceu na igreja. Com chuva ou com sol, o festival deu mais uma demonstração de que a música continua sendo importante para as pessoas. Que continue assim… E até 2019.

 

Foto: Divulgação / Mimo

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