O conjunto arquitetônico da igreja do Carmo existente há mais de 400 anos é tombado telo IPHAN. | Foto: Gustavo Miranda
Neste domingo, dia 25, a comunidade católica de Angra dos Reis realizou a “Caminhada da Fé” pelas principais ruas do centro da cidade, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Mesmo sob chuva, os fiéis partiram da Igreja Matriz após a missa das 9h, carregando rosas que foram oferecidas a Nossa Senhora do Carmo como símbolo de fé e esperança na reconstrução do telhado da histórica igreja da Ordem Primeira do Carmo, que desabou no último dia 19 de agosto.
A Igreja da Ordem Primeira do Carmo, com mais de 400 anos de existência e datada do século XVIII, foi interditada pela Defesa Civil Municipal após a identificação de rachaduras nas vigas do telhado. A solicitação de inspeção partiu do frei João Paulo Pereira Moraes, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e responsável pelo complexo arquitetônico. Após a vistoria, foi determinado o fechamento imediato do templo, que até então sediava missas e reunia um grande número de fiéis, deixando a comunidade católica em luto.
Esforços para a Reconstrução
O Convento do Carmo, parte integrante do complexo e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), recebeu a visita de técnicos do órgão, representantes da prefeitura e membros da igreja na última terça-feira (20). A equipe avaliou os danos e iniciou o levantamento das necessidades para a restauração do templo. Atualmente, os escombros estão sendo removidos e separados para identificar materiais que podem ser reutilizados na reconstrução.
De acordo com informações preliminares, ainda não há previsão para o início das obras de restauração. O IPHAN aguarda o envio de uma proposta detalhada por parte da Ordem Primeira do Carmo, que será analisada quanto à viabilidade e conformidade com as diretrizes de preservação do patrimônio histórico. O processo de restauração exigirá trabalhos especializados e somente poderá ser executado após a autorização oficial do instituto.
Manifestação de Fé e Esperança
Diante da burocracia e da incerteza sobre os prazos de reconstrução, os fiéis organizaram a Caminhada da Fé como forma de manifestar sua devoção e solicitar celeridade das autoridades competentes. O ato simbólico buscou renovar a esperança na intervenção divina e na mobilização das entidades responsáveis pela preservação do patrimônio histórico e cultural.
Frei Fernando, um dos organizadores da caminhada, expressou o sentimento da comunidade:
“Aos poucos, o luto se transforma em luta. Caminhamos confiantes com Deus, que cuida de nós todo o tempo e manifesta seu amor mesmo nas horas em que tudo parece estar perdido. A última palavra do Senhor é sempre a vida! A esperança não engana!”
Ele também convocou toda a sociedade a se unir em prol da reconstrução do telhado da igreja, ressaltando o valor cultural e religioso inestimável do monumento histórico para o país.
Patrimônio Histórico em Risco
A situação da Igreja da Ordem Primeira do Carmo acende um alerta sobre a conservação de patrimônios históricos no Brasil. A edificação, que representa séculos de história e cultura, necessita de intervenções urgentes para preservar sua integridade e legado para as futuras gerações.
A comunidade local aguarda posicionamentos e ações efetivas das autoridades municipais, estaduais e federais, bem como do IPHAN, para que a restauração seja conduzida com a devida prioridade e respeito às características originais da construção.
Próximos Passos
Enquanto os trâmites burocráticos seguem seu curso, a comunidade católica de Angra dos Reis continua em oração e mobilização, buscando manter viva a história e a fé representadas pela Igreja da Ordem Primeira do Carmo. Novas ações e eventos estão sendo planejados para sensibilizar a sociedade e as autoridades sobre a importância da preservação deste importante patrimônio histórico e religioso.
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