Ao duvidar das vacinas, país permite a volta de doenças que podem ser evitadas

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O mundo nunca falou tanto na palavra ‘vacina’. A pandemia do coronavírus, que mudou a realidade e impôs regras de isolamento inimagináveis em pleno século 21, trouxe à tona uma discussão que ganha força no Brasil: vacinar é de fato necessário? Evita doenças?

A resposta é SIM! Segundo a Organização Mundial da Saúde as vacinas são capazes de evitar várias doenças, entre elas a paralisia infantil – que vitimou 26 mil crianças entre 1968 a 1988 no Brasil – alguns tipos de pneumonias, meningites, tétano, febre amarela e outras. Algumas delas as gerações mais novas nem conhecem ou ouviram falar antes, como é o caso do sarampo.

Mas por que uma doença que tem vacina e pode ser evitada, acomete tantas pessoas? Uma das respostas diz respeito ao baixo índice vacinal causado por correntes que circulam livremente pela internet, impulsionadas por grupos antivacinas e por fake news (notícias falsas). Quando as pessoas não se vacinam e deixam de vacinar seus filhos, acreditando que a vacina faz mal ou que a doença não existe mais, criam um ambiente favorável para que um novo surto aconteça. E foi o que trouxe o sarampo de volta ao nosso dia a dia, por exemplo. Em 2018, foram registrados mais de 10 mil casos e, em 2019, o país perdeu o certificado de erradicação da doença.

O calendário vacinal do Brasil é um dos mais completos do mundo e contempla uma grande parte das vacinas. A maioria delas é encontrada de graça, nos postos de saúde dos municípios. E mesmo assim, pela primeira vez em 20 anos, o Brasil não está conseguindo atingir a meta de vacinar entre 90% a 95% das crianças com até um ano de idade. Vacinas importantes contra hepatite B, difteria, coqueluche, caxumba e rubéola deixaram de ser aplicadas pela falta de procura.

Para a médica pneumopediatra da clínica Vacinare do Parque Mambucaba, Roberta Magalhães, a pandemia prejudicou ainda mais a vacinação em 2020. Isso porque muitos cuidadores ficaram com medo de levarem seus filhos para serem vacinados.

Vacinação previne uma série de doenças

— Esta questão coloca as crianças em situação de risco para doenças que são potencialmente graves e que tem uma mortalidade ainda maior que o novo coronavirus — explica Roberta.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a BCG, que deve ser aplicada em recém-nascidos, é uma das vacinas com o menor índice de aplicação. Ela previne formas graves de tuberculose, como a tuberculose miliar e a meningite tuberculosa, que é uma doença com média nacional de 33,5 casos para cada 100 mil habitantes no Brasil. Segundo o Fórum Não-Governamental de Combate à Tuberculose, o Estado do Rio tem praticamente o dobro deste índice, com 65,7 casos a cada 100 mil pessoas.

— Não vacinar deixa a criança exposta a uma doença que pode ser prevenida e que, em suas formas graves, deixa sequelas permanentes e até mesmo pode levar à morte — alerta a médica.

‘Vacinar é um ato de amor’

Há também as vacinas disponibilizadas apenas pela rede privada. Como é o caso da antimeningococica ACWY (que protege contra quatro cepas, ao invés de uma, que tem na do SUS) e a antimeningococica B (que fornece uma proteção contra uma cepa que não tem na vacina do SUS e nem na ACWY). Essas vacinas previnem contra a doença grave e com mortalidade elevada como a meningococemia e a meningite meningococica.

O mesmo acontece com a antiinfluenza (gripe). A disponível na rede particular protege contra quatro cepas e a na pública contra três. E ainda a vacina antirotavirus, que é o principal agente causador de diarreia aguda em crianças. A oferecida pelo SUS é a monovalente (protege contra 1 tipo), enquanto a vacina particular é pentavalente (protege contra cinco tipos de rotavírus).

A médica Roberta acredita que vacinar é um ato de amor.

— Como médica e mãe, avalio as vacinas como uma demonstração de amor, de proteção da criança que está recebendo e se ela está protegida, ela não irá contaminar outras pessoas. Então também seria uma forma de proteção e amor ao próximo. Tenho o ponto de vista bem formado a respeito, principalmente quando vejo uma criança com sequelas permanentes ou até mesmo morrendo por uma doença que pode ser prevenida por uma vacina — conclui a médica.

O calendário vacinal público e privado oferece vacinas também para adultos. Além da vacina contra a gripe, há algumas que combatem a febre amarela, difteria, tétano, hepatite B e até sarampo, caxumba e rubéola. Confira a caderneta de vacinação e não perca as campanhas.

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O que vacina tem a ver com vaca?

Você sabe o que vacina tem a ver com vaca? pelo menos o nome tem ligação. O trissílabo vem do latim vaccina. Quer dizer ‘da vaca’. Em 1796, o médico inglês Edward Jenner clinicava em Berkeley. O danado vivia de olho nas moças que ordenhavam as vacas. No espia-espia, observou que elas contraíam varicela ou catapora. Mas não pegavam varíola.

Eureca! Teve uma ideia. Preparou uma cultura de varicela com o material das mãos de uma das trabalhadoras. Inoculou-a num garoto de oito anos. Semanas depois, inoculou o vírus da varíola. O menino não pegou a doença. Viva! Estava descoberta a vacina. Fonte: Blog da Dad/Correio Braziliense

Reportagem: Tatiane Cardoso / Fotos: Miguel Noronha e Tatiane Cardoso

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Mambucaba (nº 09)

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