Angra dos Reis é a sexta cidade mais violenta do Estado do Rio de Janeiro, à frente inclusive de outros municípios com populações maiores da Baixada Fluminense como Belford Roxo e São João de Meriti. Pior do que isso, a cidade com cerca de 200 mil habitantes tem uma relação de mais homicídios por habitante que o próprio Rio de Janeiro. Este é o dado mais alarmante para o município do recém lançado Atlas da Violência 2017, produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em parceria com o Fórum de Segurança Pública, e divulgado no início de junho. A contabilidade da violência e sobretudo dos assassinatos confirma o clima de insegurança e violência que já faz parte da rotina de algumas regiões do município há pelo menos cinco anos, desde que a criminalidade na cidade começou a alcançar níveis de mais preocupação, inclusive com áreas sobre controle de facções criminosas. Há quem atribua a esse fenômeno, o início do programa de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) na capital do Estado, durante a preparação para os grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos do Rio 2016. A pacificação de comunidades violentas no Rio de Janeiro, com aumento do policiamento ostensivo, pode ter contribuído para uma migração da violência para o interior do Rio.
Drogas – Um levantamento informal do Tribuna Livre aponta que em 2017, o número já se ultrapassa os 40, entre homicídios e encontros de cadáveres, a maioria ligado às drogas. Em debate recente na Câmara Municipal, o major policial militar (PM) Marcelo resumiu o desafio.
— Comércio, para funcionar, tem que ter consumidor e em Angra tem bastante consumidor. Nós estamos batendo, batendo, continuamos prendendo e apreendendo e tem muito consumidor aqui na área, infelizmente isso é uma verdade — resumiu o policial.
Guarda Municipal – Como paliativo para enfrentar a violência, a prefeitura de Angra criou uma superintendência de Segurança Pública, ligado diretamente ao prefeito, para coordenar políticas públicas em nível municipal nas áreas da segurança, inclusive do patrimônio público. O novo setor está sendo coordenado pelo major PM, Francisco de Assis Canela, que tem passagens na Polícia por Batalhões do Rio e do Sul Fluminense. Segundo Canela, uma das metas do município é implantar sua própria Guarda Municipal, criada por lei em 2012 mas ainda não formada por falta de concurso público. A previsão original era de pelo menos 600 guardas municipais, número que dificilmente será alcançado nos próximos anos devido aos custos envolvidos.
Paraty – A Cidade Histórica não aparece entre as cidades pesquisadas porque o levantamento apurou só cidades com mais de 100 mil habitantes.
Roubo de veículos cresce em Angra
Em 2015, a polícia registrou 49 roubos e 151 furtos de veículos em Angra. No ano seguinte (2016) foram 102 roubos e 172 furtos. Levantamento do Tribuna Livre indica que só este ano já houve cerca de 60 roubos e quase 70 furtos, com chances, portanto, de alcançar os números do ano anterior.O aumento tem ligação direta com a atuação de quadrilhas envolvidas no tráfico de drogas e disputa por pontos de venda. Como a atuação das quadrilhas depende de recursos, não raro os grupos recorrem aos furtos.
Esta matéria foi publicada antes na edição impressa do Tribuna Livre.
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