Após quatro anos de resultados negativos (entre os anos de 2015 a 2018), a geração de empregos formais em Angra dos Reis deu uma reagida no primeiro trimestre deste ano (de janeiro a março), alcançando o melhor índice entre as principais cidades da região, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados (Caged) do Ministério da Economia. A cidade conseguiu até mesmo a façanha de superar Volta Redonda, cidade que segue tendo o melhor resultado de geração de oportunidades na soma dos últimos 12 meses, com mais de 2,5 mil empregos gerados desde 2018.

A reação de Angra pode ter sido puxada por efeitos sazonais como o verão, que aquece os setores de turismo e serviços, e por uma pequena temporada de contratações no setor naval. O desempenho do estaleiro Brasfels é considerado fundamental para manter a geração de empregos em níveis elevados. Apesar do alívio, Angra dos Reis ainda é a cidade da região que mais gerou desempregados nos últimos cinco anos, com 10 mil postos de trabalho fechados, sobretudo nas áreas naval e de construção civil. Considerando que o total de empregos formais na cidade, em janeiro deste ano, era de 26.993, segundo o Caged, essa perda acumulada representa cerca de 40% dos empregos na cidade, como já mostrou o Tribuna Livre.

Outros municípios que dependem dos setores naval e de petróleo, como Niterói, Macaé e Campos, também sofreram desde o início da operação Lava-Jato, em 2015, que paralisou as encomendas da Petrobras nos estaleiros fluminenses e as ações da estatal em outras áreas. Ainda não há perspectiva de retomada plena do emprego nestes setores, sobretudo considerando que a direção do governo federal neste momento é para não priorizar os estaleiros e empresas nacionais, abrindo a oportunidade para empresas estrangeiras captarem negócios no país.

Liderança — Enquanto isso, a cidade de Volta Redonda mantém-se em recuperação desde 2017 após três anos também de desemprego elevado (entre 2014 a 2016). O saldo de cinco anos ainda é desfavorável, com 5,8 mil postos de trabalho fechados desde 2014. Porém, durante os últimos 12 meses (março/18 a março/19), Volta Redonda segue na liderança na geração de empregos no estado do Rio de Janeiro. O saldo positivo no último ano é de 2.507 vagas. Para se ter uma ideia, no mesmo período, Angra fechou mais de mil postos de trabalho.

Já Volta Redonda abriu 536 postos de trabalho em março deste ano e foi a segunda cidade que mais gerou empregos no mês de março no Estado, segundo os dados do Caged. No primeiro trimestre do ano, na região, Volta Redonda ficou em terceiro lugar, atrás de Angra (456) e Resende (270).

O prefeito da cidade, Samuca Silva (PSDB), destacou que o desempenho na geração de empregos é reflexo de um novo ambiente de negócios na cidade.

— A geração de emprego é uma das nossas prioridades. A maioria dos moradores de Volta Redonda conhece um caso de alguém da família que teve que deixar nossa cidade por falta de oportunidade de emprego. E isso está mudando. Melhoramos o ambiente de negócios, nos aproximamos do setor produtivo, criamos o Alvará Fácil, entre outras medidas — disse Samuca.

Entre os investimentos que a cidade recebeu nos últimos meses estão uma empresa de call center e o novo shopping center de estrutura regional. Em breve a cidade também deve receber o novo polo metalmecânico, com empresas da cadeia produtiva do aço, de acordo com a expectativa do governo municipal.

Esperança — Em Angra, o que move a esperança da população é a possível retomada da obra de construção da usina nuclear Angra 3, talvez a partir do primeiro semestre do ano que vem, que tem potencial de gerar milhares de empregos. A retomada, no entanto, depende de um complicado acordo internacional que garanta o financiamento da obra e a sustentabilidade da Eletronuclear durante a fase de construção. A paralisação das obras de construção em Itaorna também foi um reflexo da operação Lava-Jato.

Reportagem: Klauber Valente (da Redação) /  Fotos: Reprodução

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre (Edição 248).

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