Agora falta pouco. Na noite desta quinta-feira, 19, a cidade de Paraty poderá reencontrar-se com um pedaço de sua história. A inauguração do novo Cinema da Praça promete movimentar a Praça da Igreja Matriz, no coração do Centro Histórico. A cidade que já foi cenário de mais de 30 filmes, ganha de volta o seu Cinema da Praça, no mesmo sobrado que antes abrigou o Cine São Jorge, ou o ‘cinema do seu Pedro’, que ali funcionou ali até meados dos anos 70.
A festa na Praça da Matriz terá coquetel com Ciranda, presença de autoridades e apresentação da Banda Santa Cecília. Na sala de exibição de 80 lugares, as portas serão abertas com um documentário institucional produzido pelo coletivo Ocupação 16, com depoimentos de moradores que viveram a época do antigo cinema, de jovens da cidade, falando do futuro, e cenas da obra que levou três anos para ser concluída.
Instalado em um sobrado totalmente reformado, com projeto contemporâneo e equipamento de cinema digital, o novo cinema vai trazer, no seu primeiro final de semana de funcionamento, 14 produções de vários gêneros e públicos, com entrada gratuita (veja programação abaixo). As sessões começam às 14h, para o público infantil, e seguem por temas diversos, com entrada gratuita e retirada de senhas uma hora antes de cada filme.
Duas outras atrizes de Paraty participarão dessa noite especial: Bianca Paraty apresenta a performance ‘O vermelho do meu rosto’, e Laura Prado é a protagonista do curta Sueli (2018). Baseado em fatos reais, aborda a história de uma empregada doméstica que abdicou de 35 anos de sua própria vida, família, filhos e netos na cidade em que nasceu, para trabalhar para outra família que se muda para o Rio de Janeiro.
— O olhar da estreia é para o contemporâneo, com produções atuais e uma homenagem a Nanda Costa e a nova geração de atrizes de Paraty — conta a secretária de Cultura, Cristina Maseda.
O Cinema da Praça é uma iniciativa da Prefeitura de Paraty, por meio da Secretaria de Cultura, em parceria com a Associação Paraty Cultural, com patrocínio da Petrobras, do Ministério da Cultura e da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Governo Federal, do Governo do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, com apoio do BNDES e da Comunitas.
Como surgiu a iniciativa de reformar o prédio do cinema? Sempre foi com a intenção de reativar a sala de projeção?
Casé — Na verdade a primeira intenção nossa era recuperar o prédio. Aquela é uma casa que teve uma reforma na década de 30 e ganhou um segundo pavimento. Ela estava abandonada e em ruínas quando a prefeitura desapropriou.
O Instituto do Patrimônio (Iphan) recomendava demolir o segundo pavimento e voltar à construção original, o que seria uma perda de espaço, mas admitiu que fosse transformado em centro cultural. Isso nos deu a chance de abrir não apenas o cinema, mas um espaço multiuso público com cinema, teatro, música e sala de formação audiovisual. A prefeitura custeou 35% da obra e o restante captamos com muitos parceiros, inclusive privados, por meio do BNDES. É um dia feliz para a cidade, um resgate importante.
O senhor tem alguma memória do antigo cinema? O que representa o resgate deste espaço para a população de Paraty?
Casé — O cinema é muito emblemático para Paraty e todos os pais da minha geração têm alguma história para contar. Ali era onde os namorados pediam a mão das noivas em casamento. Em 86, ele funcionou por um breve período e me lembro de ter assistido ‘Conan, o Bárbaro’ no cinema.
No início quase ninguém acreditava que a gente fosse conseguir. Mas agora, estando tão perto da reabertura, o que eu mais tenho ouvido é o saudosismo do paratiense. Muita gente foi criada aqui no Centro Histórico e acabou saindo. A volta do cinema está tocando no emocional das famílias de Paraty, com uma lembrança romântica do nosso Centro Histórico, com as rotinas em torno do cinema, da praça, do passeio, enfim, um roteiro da vida paratiense antiga, cheia de romantismo.
O senhor crê que o novo cinema abra ainda mais espaço para agendas culturais e eventos na cidade?
Casé — Com certeza, todas possibilidades. É um cinema público originalmente mas para o qual a gente quer fazer parcerias de gestão. Vamos ter filmes novos, atuais, mas também poderemos ter circuitos e encontros culturais ou nas áreas de educação, de audiovisual, enfim, muitas possibilidades. Até porque esse prédio é cinema, é teatro, é musica e é um centro de atividades que dará vida ainda maior ao antigo cinema. Espero que a população aproveite.
PROGRAMAÇÃO DO CINEMA DA PRAÇA NESTE FINAL DE SEMANA
Quinta-feira, 19 de Julho
20h – Festa na praça com a presença das autoridades, com a presença da Banda Santa Cecilia e coquetel com Ciranda.
Sala de exibição de portas abertas: documentário institucional com o Antes, Durante e Depois da reforma e revitalização do Cinema da Praça, incluindo depoimentos de moradores antigos (memória) e jovens (futuro), além de trailers de filmes da programação que seguirá.
Sala multiuso: exposição sobre as realizações e projetos em andamento da Secretaria Municipal de Cultura;
Sexta-feira, 20 de julho
14h – Jonas e o circo sem lona (Vitrine, 2016, 1h22)
16h – Malasartes (Paris Filmes, 2017, 1h50)
18h – Mulheres alteradas (Paris Filmes, 2018 – 1h35)
20h – Julio Paraty (curta 26′), de Luiz Carlos Lacerda
21h30 – Correndo atrás (2018, pré-estreia nacional), de Jeferson De
Sábado, 21 de julho
14h – Minúsculos (Paris Filmes, 2015, 1h28)
16h – Power Rangers (Paris Filmes, 2017, 2h04)
18h30 – O filme da minha vida (Vitrine BNDES, 2017, 1h53)
20h30 – Performance “O vermelho do meu rosto” (15′), com a atriz paratiense Bianca Paraty
21h15 – Sueli (curta, 20′), de Christian Monassa, com a atriz paratiense Laura Prado
22h – Sonhos Roubados (Cineluz, 2010,1h30), de Sandra Werneck, com a presença de Nanda Costa
Domingo, 22 de julho
14h – Peixonautas (Riofilme, 2018, 1h27)
16h – Encantados (Riofilme, 2017,1h18)
18h – Baseado em fatos reais (Paris Filmes, 2018, 1h41)
20h – Entre irmãs (Conspiração, 2017, 2h40), de Breno Silveira
Todos os filmes terão entrada gratuita nesse fim de semana de estreia.
Sala de 80 lugares: retirada de senhas uma hora antes do filme, na bilheteria do cinema.
Fotos: Prefeitura de Paraty / Instagram / Divulgação
Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre.
Para assinar o Tribuna Livre, clique aqui.