Ainda não foi desta vez. Reunidos em assembleia geral na manhã de hoje, os metalúrgicos do estaleiro Brasfels e empreiteiras decidiram rejeitar a proposta da empresa e manter a greve que hoje chegou ao 20º dia. Apesar de não ter havido avanços significativos na pauta econômica, já que a empresa insiste nos 8% de reajuste (ante aos 11% reivindicados pelos trabalhadores), o principal ponto de discórdia desta vez foi o desconto dos 20 dias parados. A empresa quer que os trabalhadores arquem com o prejuízo nos próximos 4 meses, com descontos mensais de 5 dias o que, em outras palavras, praticamente liquidaria um eventual ganho real no índice de reajuste. A coisa agora ganhou ares de queda de braço. Um estica de um lado e outro, responde no mesmo nível.

Os líderes do Sindicato encaminharam a proposta à categoria, que rejeitou por unanimidade. A empresa também acena com R$ 175 de ticket alimentação e Participação nos Lucros de R$ 1,3 mil. Para os sindicalistas, a empresa estaria querendo enfraquecer a greve e teria ameaçado ‘abrir os portões’ na quarta-feira, 26, para quem quiser voltar ao trabalho. Este mês nenhum operário teve o seu ‘adiantamento’ e os salários que deveriam ser pagos no fim desta semana, devem atrasar.

O jogo está pesado e nós não sabemos bem o por quê. Esta é uma proposição indecente mas não é por isso que a gente vai baixar a cabeça — disse Paulo Ignácio Furtuozo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

Segundo Paulo, a interlocução direta da Petrobras não teria sido suficiente para demover o Brasfels a melhorar sua proposta. Em vários momentos da assembleia, sindicalistas como o vereador Aguilar Ribeiro (PCdoB), disseram que a solução precisa passar pela Petrobras e o Governo Federal, a quem caberia, segundo ele, intervenção direta para buscar solução, sob pena de atrasar obras inscritas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como as plataformas P-56 e P-57, ambas da Petrobras.

A situação é preocupante, mas precisamos compreender o momento. O presidente Lula, o PT e a Petrobras tem que ajudar a resolver a situação. Têm os mecanismos pra isso. Os trabalhadores têm que ficar atentos para saber onde o vento está soprando contra nós — disse Aguilar.

A partir da tarde de hoje, o Sindicato montará barricadas na porta do estaleiro para impedir até os trabalhos essenciais. Ainda não há previsão de julgamento do pedido de ilegalidade da greve, pretendido pela direção do Keppel Fels junto à Justiça do Trabalho em Itaguaí. Os sindicalistas creem que isso ainda pode demorar, mas confiam que o movimento pode ser encerrado ainda esta semana. Esta é a quarta maior greve no estaleiro desde sua fundação em 1960. Antes desta, apenas nos anos de 1961 e 1985, paralisações haviam superado os 30 e os 20 dias respectivamente.

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