A vitória do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, na prévia interna entre os filiados do PT que o escolheram como pré-candidato do partido ao Senado é uma boa notícia para a política fluminense e, por que não, um alerta importante para a Direção Estadual do partido, majoritariamente mobilizada em prol da pré-candidatura da ex-governadora Benedita da Silva.
O alento é porque a presença de Lindberg como opção para o eleitorado, que poderá votar em até dois candidatos, representa algo novo, diferente do que esperava-se nesta modorrenta disputa que raramente empolga o eleitorado. Além dele estarão na urna eletrônica, medalhões da política do Rio, como o atual senador Marcelo Crivela (PRB), que tentará renovar seu mandato por mais 8 anos, o ex-prefeito do Rio, César Maia (DEM) e o presidente da Assembleia Legislativa estadual, Jorge Piccianni (PMDB), que pretende seguir a trajetória do governador Sérgio Cabral (PMDB). É mais do que já tem sido visto no Estado. Por ser relativamente jovem (43 anos), de esquerda e pelo perfil recém-saído do Executivo, Lindberg pode inserir temas novos no debate, reforçando a necessidade de discutir-se, inclusive, a real utilidade da Casa Revisora. Em entrevista exclusiva ao Tribuna Livre (para a edição impressa que está nas bancas), o pré-candidato aponta nesta direção. É, sem dúvidas, uma novidade que deverá receber boa atenção do eleitorado, caso consiga uma comunicação efetiva com os eleitores.
Para a direção do PT, a sinalização dos militantes também é importante. Os filiados querem um partido mais altivo no Estado, com mais capacidade de interferência nas decisões do Governo central e, claro, a implantação de políticas mais identificadas à esquerda. ‘Convencido’ pelo petismo de que a opção número um este ano deveria ser pelo apoio à reeleição do governador Cabral, Lindberg não esconde seu real objetivo: quer disputar o Governo estadual em 2014, de preferência pelo PT. Muita coisa ainda vai passar: eleições nacionais em outubro, reestruturação do Parlamento, eleições municipais de 2012 e o rearranjo de forças do pós-Lula (com ou sem Dilma).
Enfim, com todos os peões praticamente definidos, dependendo apenas das convenções oficiais, parece claro que teremos uma campanha eleitoral, pelo menos para o Senado, bem diferente das edições anteriores.
A propósito das Eleições 2010, é preciso dizer o quão bisonha, para dizer o mínimo, a coluna de hoje (30) do ‘jornalista’ Merval Pereira no jornal ‘O Globo’, onde ele força interpretações das mais criativas para sustentar que o presidenciável José Serra (PSDB) deve vencer as eleições de outubro no primeiro turno. Sustenta Merval que, como Serra está no patamar de 40% dos votos e que o presidente Lula deverá sufocar a pré-candidatura de Ciro Gomes (PSB), o neoliberal paulista herdará a maior parte dos votos. Tudo isso apesar de estarmos em março, há seis meses do pleito eleitoral.
A coluna de Merval, por mais absurda que seja, é parte de um esforço hercúleo da mídia para implodir no nascedouro a possibilidade (mesmo discreta) de o PT manter-se à frente do Governo central do país. Já escrevi aqui que o comportamento da mídia é o que mais preocupa o staff petista neste momento. Aliás, além da coluna bem engazopada de Merval, o jornalão carioca tem ainda outras peças do jornalismo de ‘cascalho nos bolsos’, a começar pela foto principal da capa, onde lê-se, com clareza, atrás de uma foto chorosa de Dilma Roussef, a inscrição ‘país fede’. A título de reportagem remunerada, nem Chateubriand faria melhor.
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