Festa Literária voltou a ser totalmente presencial em 2022 | Foto: Guido Nietmann / Fotos Incríveis

Uma movimentação recorde de pessoas, muita produção intelectual e cultural em dezenas de eventos paralelos à programação principal e tudo isso em uma atmosfera de muita tranquilidade. Estas foram as principais marcas da 16ª edição da Festa Literária de Paraty (Flip), encerrada no último domingo, 29, após movimentar a Cidade Histórica por quase uma semana. O evento, que este ano teve uma produção mais enxuta, não deixou nada a desejar em estrutura para as demais edições e acabou sendo visto como a mais diversificadas das edições em virtude das muitas casas parceiras que promoveram também atividades por todo o Centro Histórico.

— Eu adorei tudo. Pude acompanhar vários debates interessantes e conhecer pessoas de todo mundo. A gente até se perdeu com as agendas paralelas. Estou amando a Festa e quero voltar — contou ao Tribuna Livre a paulista Larissa Fróes, estudante de psicologia que, pela primeira vez, visitou Paraty.

Em cada uma das casas parceiras houve eventos, sempre com público. Foram cerca de 20 encontros paralelos à Flip e não apenas nos imóveis e antigos sobrados do Centro. A Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) atracou uma réplica de barco pirata na orla e realizou mesas de debate para o público acompanhar em terra. Pelo menos 15 editoras participaram do evento que teve, entre os convidados, o candidato a Presidência da República, Guilherme Boulos (PSDB). Em outra casa, o mesmo Boulos teve debate com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, apontado como eventual substituto de Lula na disputa ao Planalto. Os dois debateram o futuro da esquerda no Brasil.

Também houve encontros com o juiz federal Marcelo Bretas, que conduz os processos da Lava-Jato no Rio de Janeiro, além do próprio ministro do STF, Luís Roberto Barroso, atração da programação principal.

Economia — Sob o ponto de vista financeiro, a Flip foi também um sucesso. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito a pedido do Ministério da Cultura (MinC), mostrou que o evento teria gerado retorno econômico de R$ 47 milhões, além de mais R$ 4,7 milhões em impostos. A metodologia considera o efeito dos gastos pelos frequentadores da Flip na economia local, incluindo hospedagem, restaurantes, bares e transporte, que se expandem para outros setores da economia, já que os prestadores desses serviços precisam adquirir matérias-primas e outros serviços com seus fornecedores. Segundo a análise, foram investidos R$ 3 milhões em recursos públicos e R$ 500 mil de outras fontes na organização do evento.

De acordo com o estudo, o impacto econômico direto, que é aquele voltado para a área turística, gera demanda também para os fornecedores – o chamado impacto econômico indireto. No caso da Flip, são R$ 30 milhões de impacto direto e R$ 17 milhões de indireto. Um resultado bastante satisfatório segundo o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

— Esse estudo demonstra como, além do impacto positivo que a Flip tem no campo literário, na ampliação do acesso e da promoção do livro e da leitura como formas de qualificação do capital humano da nossa sociedade, ela também tem grande impacto na economia, em termos de geração de renda, emprego, inclusão e, portanto, de desenvolvimento — avalia Leitão.

A Flip foi o terceiro evento do calendário do Programa ‘Rio de Janeiro a Janeiro’ a ter o impacto econômico analisado pela FGV. Os dois primeiros foram o Réveillon de Copacabana e o Carnaval do Rio de Janeiro. Monitoramento do programa feito pela FGV mostra que, no primeiro semestre, 39 eventos chancelados pelo ‘Rio de Janeiro a Janeiro’ em solo fluminense, geraram impacto total de R$ 6,4 bilhões.

Ocorrências — A movimentação recorde de pessoas em Paraty durante prazo tão estendido não teve impacto na questão da insegurança, felizmente. Houve reforço no policiamento e a Guarda Municipal da cidade ainda pôde estrear novos uniformes e equipamentos. Três motocicletas foram adquiridas pela prefeitura para a Guarda local a fim de aumentar a mobilidade no patrulhamento da cidade. O departamento da Guarda Municipal utilizou também o seu Sistema Integrado de Monitoramento, com câmeras em diversos pontos da cidade, para auxiliar na segurança do município.

De acordo com o comandante do policiamento na cidade, 2° Tenente PM Loschiavo, não houve ocorrências graves relacionadas à Flip. No sábado, 28, na rua da Chácara, um casal foi preso após uma briga, suspeitos de tráfico de drogas. Vitória Karieli da Sila, 19, chamou a PM após ter sido agredida pelo companheiro, Luiz Ricardo da Silva Conceição, 28. Ao

revistarem a casa dela, no entanto, foram encontrados vários pinos de cocaína prontos para a comercialização. Em outra ocorrência, no domingo, 29, na Ilha das Cobras, Fábio de Souza Sant Anna de Castro, o ‘FB’ foi preso com pequena quantidade de drogas. Ele teria admitido que vende entorpecentes a mando do traficante conhecido como ‘Cebola’. O suspeito ainda ofereceu os R$ 550 que tinha em seu poder para tentar escapar da prisão, sem efeito. Nos dois casos, os suspeitos foram conduzidos com os materiais apreendidos para a 167ª DP (Paraty). Na manhã da segunda, 30, foi registrado apenas o furto de um veículo, que, pela narrativa do condutor, ainda seria objeto de investigação mais detalhada.

Fotos: Guido Nietmann/fotosincriveis.com.br + Divulgação/PMP

Com informações da Agência Brasil .

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