Autoridades sanitárias do Rio de Janeiro e do município de Angra dos Reis já dão como certo que a febre amarela passará a ser endêmica na Ilha Grande nos próximos anos, ou seja, não seria mais possível impedir a circulação do vírus no local o que significa a ocorrência regular de casos da doença em cada temporada. Como consequência prevista estará a necessidade de imunização prévia para visitação à localidade. Neste momento, a doença pode estar entrando numa espiral descendente, já que é típica de altas temperaturas. O pico das ocorrências de febre amarela costuma acontecer entre os meses de dezembro a maio.

Apesar de o número de casos atuais da doença estar em queda, as confirmações ainda vão subir. No boletim epidemiológico desta sexta-feira, 9, a cidade aparece com 34 casos confirmados e 14 mortes. Só que algumas destas confirmações são referentes a ocorrências de duas a três semanas atrás, no auge da propagação do vírus. Os exames de confirmação da doença demoram de 15 a 20 dias para ficarem concluídos, o que indica que o número de casos na cidade pode estabilizar na casa das 50 ocorrências. A taxa de letalidade dos casos registrados em Angra está na média, próximo de 45%.

Como já mostrou o Tribuna Livre, a morte da população de macacos deixa a população residente e turista ainda mais exposta ao vírus. Sem os animais, a tendência dos insetos em busca de alimentação é atacar aos moradores. Estudos indicam que os macacos só teriam a sua população restituída aos níveis antes da doença, em cerca de 10 anos.

Campanha — Diante da complexidade da prevenção à doença e até de certa resistência da população em vacinar-se, empresários do setor de turismo da cidade, preocupados com a chamada ‘publicidade negativa’ que os casos já confirmados têm para a economia, estão mobilizados para uma campanha com ações positivas em favor do turismo e da manutenção da atividade. Uma das iniciativas é a campanha ‘Xô Febre Amarela’, de convencimento a empresários e seus funcionários para que sejam vacinados. A imunização é o meio mais eficaz de evitar a doença, mesmo que o vírus esteja presente na região. A campanha está indo ao encontro de profissionais que atuam na Ilha Grande e no setor de turismo com adesivos (foto) e esclarecimentos sobre a importância da vacina.

— A febre amarela é um desafio de saúde, com repercussões negativas para o destino turístico e o desenvolvimento da cidade. Mas não é uma situação sem solução. Precisamos fazer a nossa parte e tomar a vacina, além de convencer outras pessoas a fazê-lo. Com isso estaremos protegidos — disse o porta-voz do Angra dos Reis e Ilha Grande Convention Bureau, Rico Rodrigues, em audiência na Câmara Municipal angrense na quinta, 8.

Outro desdobramento da campanha dos empresários será uma temporada de descontos nos serviços de turismo como forma de atrair visitantes. É importante destacar que, para quem está vacinado, não há nenhum impedimento para visitar e permanecer na Ilha Grande. A visita só não é recomendada para quem ainda não foi vacinado ou tomou a vacina há menos de 10 dias, período em que a imunização ainda não faz efeito.

A prefeitura queixa-se da baixa procura pela vacinação. Tanto que fechou o posto de campanha montado no Hospital Geral da Japuíba para atender aos moradores da cidade. Cerca de 80% da população (algo em torno de 150 mil pessoas) já está imunizada, mas ainda há cerca de 40 mil que não tomaram a vacina. Entre a população da Ilha Grande, a imunização chega a 98%, número que só não avança por causa da resistência de alguns moradores à imunização. Basta uma pessoa não vacinada numa localidade para que o vírus mantenha sua trajetória de disseminação.

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Fotos: Divulgação/Angra Convention Bureau

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