Se já está às voltas com o desafio de manter as usinas de Angra em funcionamento em 2019, a Eletronuclear enfrenta ainda outro desafio no âmbito financeiro que deixa inquietos os prefeitos da região. É que, para piorar a situação da empresa, o banco BNDES quer receber imediatamente parte dos juros do empréstimo de R$ 3,6 bilhões contratado para a construção da usina Angra 3. A primeira parcela, de outubro deste ano, foi de R$ 30 milhões e parece ter deixado comprometido o caixa da empresa para os outros projetos e até mesmo para as contrapartidas devidas aos municípios da região. Os prefeitos estão preocupados com a situação e já começaram a se movimentar.
— Fomos pegos de surpresa pelo noticiário ao saber que a Eletronuclear foi obrigada a pagar ao BNDES. Fica evidenciado que esse valor pago pode colocar em risco a saúde da empresa e dos municípios que dependem dos compromissos assumidos por ela — explicou Casé na carta enviada com cópia ao governador do Rio e ao ministro das Minas e Energia, Wilson Ferreira Júnior.
Ainda de acordo com o prefeito Casé, a cidade de Paraty espera a liberação de R$ 58 milhões para a conclusão de projetos como os do hospital municipal (R$ 15,2 milhões), saneamento básico (R$ 20 milhões) e obras (R$ 9 milhões), entre outros. Sem o dinheiro da empresa de energia, o município não poderá avançar em nenhuma destas frentes de trabalho apenas com recursos próprios.
Obras de infraestrutura — O município de Angra dos Reis também está contando com o dinheiro da Eletronuclear para seu programa de obras a partir de 2018. Em agosto deste ano, o secretário de Governo da cidade, Marcus Veníssius Barbosa, disse crer que até outubro passado, seriam liberados R$ 28 milhões para obras de infraestrutura. Só que o dinheiro ainda não veio. Sequer foram assinados os convênios. No total, a prefeitura de Angra espera receber mais de R$ 180 milhões da Eletronuclear, dos quais cerca de R$ 45 milhões irão para projetos de saneamento básico. Qualquer oscilação negativa no caixa da estatal é ameaça a todos os projetos, a maioria deles de urbanismo e infraestrutura.
Além de Angra e Paraty, Rio Claro também espera receber cerca de R$ 18 milhões em projetos de redução do impacto pela construção da usina Angra 3. A obra da nova unidade foi paralisada em 2015 em virtude da operação Lava-Jato. Havia um esquema de corrupção envolvendo a construção da unidade que levou inclusive à condenação de ex-diretores da Eletronuclear. Sem previsão de retomada, a espera pela conclusão da nova unidade sangra ainda mais o caixa da empresa.
O Tribuna Livre encaminhou pedido de informações à estatal há pelo menos 15 dias, mas ainda não recebeu a resposta.
Foto: Reprodução
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Publicado antes na edição 197 do jornal Tribuna Livre.
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