A comunidade do Frade, em Angra dos Reis, onde vivem cerca de 20 mil pessoas, convive há pelo menos dois meses com tiroteios frequentes e ameaças de grupos armados que frequentam a localidade e fazem dela território para atividades como o tráfico de drogas. A rotina no bairro antes pacato, vem sendo quebrada todas as semanas com a ocorrência de trocas de tiros, às vezes entre os próprios marginais que residem e atuam na região e, não raro, mortes.

Nesta quarta-feira, 1º, houve novo registro de intenso tiroteio no bairro, no início da noite. A sequência e a intensidade dos disparos foram registrados por moradores e divulgados por meio de aplicativos de mensagens instantâneas. Nas mídias sociais, inúmeros relatos de terror. A comunidade vive com medo pois teme estar em meio a uma espécie de fogo cruzado que não tem hora para começar e, de vez em quando, nem para terminar.

— Nossa situação aqui não tá muito diferente da cidade do Rio de Janeiro. Quase todo dia a gente escuta falar de tiroteio ou de violência. Pior é que a gente não tem a quem recorrer. Estamos com muito medo — revela uma moradora.

Milícia — Há uma semana, também em grupos de mensagens, circularam boatos de que uma mílicia (grupo armado formado por policiais e ex-policiais) teria ‘assumido’ o controle do bairro e expulsado os traficantes. A Polícia Militar (PM) negou que isso tenha ocorrido, mas moradores relataram a presença de homens fortemente armados pelas ruas da parte mais alta bairro (foto). Em nota à Imprensa, a Polícia diz que mantém a rotina de patrulhamento na comunidade e esteve no bairro inclusive na noite desta quarta-feira. Não houve relato de feridos e nem de presos por causa do incidente.

Há um mês, no dia 2, o confronto no Frade acabou com uma vítima de bala perdida. A dona de casa Maria Sueli da Silva, 45, foi atingida no braço por um tiro que teria partido do Morro da Constância, vizinho ao Frade. Ela, felizmente, foi socorrida e sobreviveu. A troca de tiros ocorreu por causa de uma operação de rotina da PM. De acordo com os policiais, eles foram recebidos a tiros pelos traficantes quando chegaram à localidade.

Mortes — Três dia depois deste incidente, no dia 5 de outubro, a Polícia matou quatro suspeitos e feriu um em outro tiroteio. A troca de tiros aconteceu exatamente na tentativa de prender os envolvidos no confronto anterior.

A Polícia disse que os suspeitos ficam acampados em uma mata ao redor do Frade e lá se homiziam quando há incursões no bairro. Um dos mortos na ocasião foi identificado como chefe do tráfico da localidade, conhecido como ‘Galego‘. Ele teria participado de uma invasão da comunidade em outubro de 2016 quando começaram a tornarem-se mais frequentes as ocorrências com tiros na localidade.

Só nesta operação no início de outubro foram apreendidas 230 pedras de crack, 815 cápsulas de cocaína, 138 munições de fuzil, duas pistolas, um fuzil calibre 7.0, um rifle calibre 44 e material para embalar droga (foto).

Siga-nos no Facebook

GOSTOU DESTE TEXTO?

Assine o jornal Tribuna Livre e receba em casa a nossa edição impressa. Clique aqui e saiba como.

Deixe seu comentário

Escreva seu comentário!
Nome