Visitação aos túmulos é comum no Dia de Finados | Foto: Reprodução

Angra dos Reis é a sexta cidade mais violenta do Estado do Rio de Janeiro, à frente inclusive de outros municípios com populações maiores da Baixada Fluminense como Belford Roxo e São João de Meriti. Pior do que isso, a cidade com cerca de 200 mil habitantes tem uma relação de mais homicídios por habitante que o próprio Rio de Janeiro. Este é o dado mais alarmante para o município do recém lançado Atlas da Violência 2017, produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em parceria com o Fórum de Segurança Pública, e divulgado no início de junho. A contabilidade da violência e sobretudo dos assassinatos confirma o clima de insegurança e violência que já faz parte da rotina de algumas regiões do município há pelo menos cinco anos, desde que a criminalidade na cidade começou a alcançar níveis de mais preocupação, inclusive com áreas sobre controle de facções criminosas. Há quem atribua a esse fenômeno, o início do programa de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) na capital do Estado, durante a preparação para os grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos do Rio 2016. A pacificação de comunidades violentas no Rio de Janeiro, com aumento do policiamento ostensivo, pode ter contribuído para uma migração da violência para o interior do Rio.

De acordo com o Atlas da Violência, 98 pessoas foram assassinadas em Angra em 2015. A relação entre mortes e o número de habitantes chega a 53,6 mortos por mil, número que é muito superior, por exemplo, a Volta Redonda (17,1/mil) e o próprio Rio de Janeiro (28,8/mil). Angra dos Reis só está ‘melhor’ que outras cinco cidades: Queimados, Itaguaí, Araruama, Cabo Frio e Nilópolis. A pesquisa usa dados de 2015 e analisa apenas as cidades com mais de 100 mil habitantes (veja o quadro). O número de Angra também é quase o dobro da taxa do Estado do Rio de Janeiro (30,6/mil) no mesmo período.

Drogas – Um levantamento informal do Tribuna Livre aponta que em 2017, o número já se ultrapassa os 40, entre homicídios e encontros de cadáveres, a maioria ligado às drogas. Em debate recente na Câmara Municipal, o major policial militar (PM) Marcelo resumiu o desafio.

— Comércio, para funcionar, tem que ter consumidor e em Angra tem bastante consumidor. Nós estamos batendo, batendo, continuamos prendendo e apreendendo e tem muito consumidor aqui na área, infelizmente isso é uma verdade — resumiu o policial.

Guarda Municipal – Como paliativo para enfrentar a violência, a prefeitura de Angra criou uma superintendência de Segurança Pública, ligado diretamente ao prefeito, para coordenar políticas públicas em nível municipal nas áreas da segurança, inclusive do patrimônio público. O novo setor está sendo coordenado pelo major PM, Francisco de Assis Canela, que tem passagens na Polícia por Batalhões do Rio e do Sul Fluminense. Segundo Canela, uma das metas do município é implantar sua própria Guarda Municipal, criada por lei em 2012 mas ainda não formada por falta de concurso público. A previsão original era de pelo menos 600 guardas municipais, número que dificilmente será alcançado nos próximos anos devido aos custos envolvidos.

Paraty – A Cidade Histórica não aparece entre as cidades pesquisadas porque o levantamento apurou só cidades com mais de 100 mil habitantes.

Roubo de veículos cresce em Angra

Além dos índices de homicídios, outros itens da violência urbana que cresceram em Angra nos últimos dois anos, pelo menos, foram o roubo e o furto de veículos, o que tem impacto direto nos custos com seguro, por exemplo, que já tiveram aumento no ano 2017.

Em 2015, a polícia registrou 49 roubos e 151 furtos de veículos em Angra. No ano seguinte (2016) foram 102 roubos e 172 furtos. Levantamento do Tribuna Livre indica que só este ano já houve cerca de 60 roubos e quase 70 furtos, com chances, portanto, de alcançar os números do ano anterior.O aumento tem ligação direta com a atuação de quadrilhas envolvidas no tráfico de drogas e disputa por pontos de venda. Como a atuação das quadrilhas depende de recursos, não raro os grupos recorrem aos furtos.

Esta matéria foi publicada antes na edição impressa do Tribuna Livre.

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