Construções crescem em meio à vegetação na Vila do Abraão, na Ilha Grande, que agora abriga 5.216 moradores e 3.232 domicílios | Foto: Custódio Coimbra

A Baía da Ilha Grande, conhecida por sua beleza natural, tem atraído cada vez mais turistas e veranistas, gerando uma disputa entre a preservação ambiental e a expansão imobiliária. Cidades como Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba, na Costa Verde, têm enfrentado um crescimento expressivo no número de construções, colocando em risco o patrimônio natural da região.

Dados do Censo do IBGE apontam um aumento significativo na população e no número de domicílios ao longo dos últimos 12 anos. Na Ilha Grande, por exemplo, a população cresceu de 2.074 pessoas em 2000 para 5.216 em 2022, enquanto o número de domicílios mais que triplicou, passando de 972 para 3.232. Esse crescimento resulta em pressão sobre a infraestrutura e o meio ambiente, especialmente nas áreas turísticas, como a Vila do Abraão, onde o aumento das construções é visível ao longo das trilhas e praias.

A prefeitura de Angra dos Reis informou que, embora as construções recentes na ilha estejam legalizadas, muitas delas impactam negativamente a paisagem natural. Ambientalistas, como o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), alertam para a ilegalidade de algumas obras, especialmente em áreas de proteção ambiental, onde a vegetação da Mata Atlântica está sendo suprimida a menos de 10 metros da costa.

Além da Ilha Grande, o crescimento imobiliário também é expressivo nas cidades da Costa Verde. Entre 2010 e 2022, Paraty registrou um aumento de 20,5% em sua população e de 59,5% no número de domicílios. Mangaratiba teve um crescimento de 13% em habitantes e 38,8% em construções. No total, a região viu um aumento de 36,6% nas construções, superior à média estadual de 25,3% no período.

Esse crescimento também está relacionado ao aumento das segundas residências, como observado pelo professor Wilson Lopes, da UFF, em Paraty. Casas de veraneio, muitas vezes alugadas por plataformas de temporada, estão levando a um processo de gentrificação e escassez de imóveis para aluguel permanente.

A especulação imobiliária preocupa autoridades e ambientalistas. A região, que foi reconhecida em 2019 pela Unesco como Patrimônio Mundial, enfrenta desafios para manter a integridade ambiental. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aplicou 313 multas nos últimos cinco anos por ocupações irregulares em áreas de conservação. Já a prefeitura de Angra dos Reis realizou 176 fiscalizações e abriu 12 inquéritos para a demolição de construções ilegais.

A pressão do crescimento populacional e imobiliário na Costa Verde exige um equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a preservação ambiental, fundamental para garantir a sustentabilidade da região a longo prazo.

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