Para enfrentar e tentar resolver o desafio da falta de médicos e outros profissionais de saúde na rede pública municipal, a prefeitura de Angra acaba de contratar uma cooperativa para subcontratar cerca de 320 pessoas, a maioria médicos, enfermeiros e especialistas em regulação e emergência. A Captar Cooper Cooperativa foi admitida de forma emergencial e sem licitação, ou seja, apenas com a entrega de propostas de preço. Em entrevista por telefone ao Tribuna Livre, o secretário de Saúde, Gustavo Villa (foto), que é médico do serviço público, justificou a decisão pela urgência em compor as equipes de emergência, em especial nos finais de semana.

– Esta foi uma decisão emergencial porque estamos com carência grande de profissionais, especialmente nos finais de semana, quando 90% das vagas em plantões não são ocupadas. Um processo seletivo seria muito demorado e decidimos por essa modalidade de contrato também pensando nos plantões já do Carnaval – explicou o secretário.

A falta de médicos nas emergências porém não é novidade. Desde a metade do ano passado, quando começaram as restrições ao pagamento de horas extras, muitos médicos deixaram de fazer os plantões. O próprio secretário Gustavo Villa, em mensagens nas redes sociais em 2015, chegou a apoiar que outros profissionais não trabalhassem nos finais de semana devido a dificuldade da prefeitura em pagar as horas extraordinárias. Agora, segundo ele próprio, nem mesmo com a promessa do pagamento de horas extras em dia, a secretaria foi capaz de completar o quadro de plantonistas. Além do que, afirma Gustavo, contratar por horas extras seria mais caro que por meio indireto.

Serão contratados 324 profissionais, não apenas médicos para emergência. Serão chamados ainda recepcionistas, técnicos de enfermagem, auxiliares administrativos e especialistas para os ambulatórios do Centro de Especialidades Médicas do Centro da cidade (CEM), principalmente nas áreas de pediatria e psiquiatria. A subcontratação de pessoal também servirá para recompor as equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), desfalcadas desde o início deste ano. Boa parte dos profissionais, segundo o secretário, deve vir de fora da cidade, dada a carência de especialistas em Angra e a existência de um banco de dados da própria cooperativa, cuja sede é em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

– A própria empresa vai fazer a seleção e o início será imediato. Eles têm até a manhã desta sexta-feira de Carnaval para colocar essas pessoas nos seus locais de trabalho. Sabemos que essa não é a melhor modalidade de admissão ao serviço público, mas isso foi feito para a gente sair do sufoco – explicou o secretário, dando a entender que, nos próximos meses a prefeitura poderá realizar um concurso público ou mesmo uma seleção pública para admissão em caráter temporário.

Apesar de a seleção ser feita “pela empresa” como afirma o secretário, ontem pela manhã dezenas de pessoas foram à sede da extinta Fundação de Saúde, no Balneário, para entregar curriculuns. A seleção não foi divulgada em nenhum meio público e a coleta desses históricos profissionais foi em período muito curto, durante menos de duas horas. Informado do assunto, o secretário de Saúde afirma ter orientado a cooperativa a não utlizar a sede da secretaria de Saúde como local para admissão dos eventuais candidatos a vagas de emprego. O contrato com a cooperativa será de R$ 17 milhões por seis meses, o equivalente a pouco mais de R$ 2,8 milhões por mês.

Procurado pela reportagem do Tribuna Livre, o sindicato dos servidores públicos municipais de Angra dos Reis (Sinspmar), que até o ano passado manifestava-se contrário a qualquer tipo de terceirização no serviço público, desta vez optou por não se pronunciar a respeito da decisão.

 

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