Desde o último sábado, 1º, está sendo comercializada no Brasil, a vacina Qdenga, produzida pela empresa japonesa Takeda Pharma Ltda. Para especialistas, a chegada do medicamento ao país pode representar um avanço significativo na prevenção da doença que, nos primeiros cinco meses deste ano, causou 503 óbitos no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
O biomédico virologista e professor universitário Raphael Rangel, afirma que a imunização contra a dengue é um passo importante para os brasileiros, uma vez que o Brasil é um país endêmico para arboviroses, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste, que são as campeãs nos casos de dengue, zika e Chikungunya.
— Infelizmente, dentre as arboviroses, a dengue leva muitas pessoas a óbito devido a sua versão hemorrágica. A vacina tem uma vantagem, pois protege contra os quatro sorotipos do vírus. Então, mesmo que a pessoa pegue a dengue com soro tipo um, que é o mais brando, ou pega o sorotipo da hemorrágica, certamente vai evitar os óbitos — explica o biomédico.
O professor conta ainda que o imunizante representa um grande avanço para a saúde pública do país, uma vez que qualquer pessoa poderá ser imunizada.
— Nós já tínhamos uma vacina para dengue voltada ao público que teve a doença e, então, ela evitava a reinfecção. Já a vacina Qdenga é um imunizante que pode ser aplicado até mesmo em pessoas que nunca tiveram a doença, evitando o seu primeiro contágio — avalia Raphael.
A vacina deve-se somar às outras medidas preventivas já tomadas pelas pessoas. Por isso, é recomendado que a população mantenha a conscientização aos controles vetoriais da dengue, evitando a proliferação dos mosquitos, como evitar água parada, manter as caixas d’água tampadas e vasos de plantas vazios.
A vacina será disponibilizada inicialmente na rede particular, mas o Ministério da Saúde já estuda a possibilidade de incorporá-la no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).
— Esperamos que em pouco tempo o imunizante seja disponibilizado pelo SUS. Caso isso realmente aconteça, será mais um grande avanço para vacinação brasileira. De toda forma, já existe um sinal verde do Ministério da Saúde com relação a isso — avisa o professor.
Até o final de abril, foram registrados em todo o Brasil, 899 mil casos de dengue, aumento de 30%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Desse total, mais de 201 mil diagnósticos de dengue foram constatados somente em São Paulo, contra 178 mil no mesmo período do ano passado.
— A dengue é uma doença infecciosa, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, é a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil, causando grande impacto na saúde coletiva. Não existem remédios para o tratamento da doença, só podemos controlar o vetor com as medidas sanitárias, e agora podemos contar com uma forte e eficaz ferramenta na proteção contra esta virose, uma vacina que protegerá contra os 4 sorotipos da dengue, que poderá ser utilizada tanto para quem já teve a doença e por quem ainda não teve contato com o vírus — explica Amanda Alecrim, médica, representante regional da Sociedade Brasileira de Imunizações.
O imunizante QDenga é indicado para pessoas de 4 a 60 anos de idade, para a prevenção da dengue. A vacina estará disponível nas clínicas privadas e o esquema indicado é de duas doses, com intervalo de 3 meses (0 e 3 meses). Para tomá-la é necessário prescrição médica.
(*) Com informações de assessoria de imprensa.
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