A manutenção e até a ampliação dos empregos no estaleiro Brasfels, em Angra, podem ser beneficiadas com a contratação das obras de uma plataforma para o campo de Sépia, na Bacia de Santos. Isso porque a vencedora do contrato com a Petrobras é a japonesa Modec, que já teve obras semelhantes feitas no estaleiro angrense. Pelo menos na avaliação de sindicalistas ouvidos pelo Tribuna Livre, se as obras forem feitas no Brasil, como tudo indica, o Brasfels tem realmente vantagem.

— É uma possibilidade sim. O estaleiro de Angra já fez obras com a Modec, entregando sempre no prazo e com qualidade. No Estado do Rio o estaleiro de Angra é sem dúvida, o mais competitivo — crê Fernando Figueiredo, da Fundação de Trabalhadores do Verolme (Funtresve).

O contrato entre a Modec e a Petrobras foi assinado no último dia 13. O afretamento da plataforma do tipo FPSO (unidade que produz, armazena e transfere óleo e gás) contempla a interligação de até 15 poços à plataforma e o início da produção a partir de 2021.

A Petrobras confirmou em nota à Imprensa que a plataforma ‘terá parte de sua construção realizada no Brasil, nos moldes de outros afretamentos já realizados’ pela empresa. Isso reforça a expectativa de que parte das obras, pelo menos, seja feita em estaleiros brasileiros como vinha ocorrendo até o final do governo Dilma (2011-16) por meio da política de conteúdo nacional criada pelo ex-presidente Lula (2003-10).

O grande ‘problema’ nesta operação, segundo sindicalistas, é que entre a decisão a favor de Angra e a construção efetiva da plataforma, pode se passar até um ano, tempo em que o estaleiro reduziria seu efetivo para menos de mil trabalhadores. Por isso está mantida a mobilização para que a Sete Brasil possa retomar e concluir alguns projetos de navios-sonda parados no estaleiro desde o início da operação Lava-Jato. Neste caso, investidores dependem de uma sinalização da Petrobras para que as obras sejam retomadas e concluídas, não apenas mantendo cerca de 2 mil postos de trabalho, como ampliando para mais de 3,5 mil, segundo os defensores da decisão. Sem isso, a partir de janeiro do ano que vem, a desmobilização de setores no estaleiro pode reduzir o número de funcionários para menos de 400.

Shell — Em reunião no Rio de Janeiro na semana passada, o secretário de Desenvolvimento de Angra, João Rabello, esteve com o presidente da Shell no Brasil, André Araújo, e intercedeu para que plataforma de Libra seja construída no Brasfels. Rabello se disse ‘otimista’ e acertou com André um encontro com o próprio prefeito Fernando Jordão (PMDB), de Angra, para tratar do assunto. Segundo a prefeitura, o presidente da empresa de petróleo teria dito que ‘o prefeito Jordão ficará surpreso com a nossa disposição’.

Foto: Felipe de Souza

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Publicado antes na edição 196 do jornal Tribuna Livre.

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