Aos 47 anos, o deputado federal Indio da Costa (PSD) (foto) conhece Angra como poucos. Ele frequenta a cidade desde a infância já que a família tem casa na região. No sábado,9, Indio veio novamente à cidade mas desta vez na condição de pré-candidato a governador do Rio. Esteve também em Paraty conversando com aliados locais. Numa rápida conversa com o Tribuna Livre, Indio deu indicação dos temas que quer discutir na campanha, entre os principais, a segurança pública. Confira:

O Estado do Rio de Janeiro é governável?
Indio — Claro que é. Só que a gente tem que tirar o foco que hoje está nos benefícios no entorno do governador e dos secretários e colocar à disposição da sociedade. Deixar de ser um governo que se preocupa com as mordomias, com propina e corrupção e ter um governo que seja honrado, que seja austero, que não roube e não deixe roubar. Você tem que ter uma construção para isso. Não é tão difícil quanto parece. É claro que desmontaram tanto a máquina pública que você ainda vai levar um tempo para reorganizar. De qualquer forma, o caminho que eu vejo no curto prazo, é renegociar este acordo que foi feito pelo governo atual com a União, porque ali ninguém considerou quem está morrendo na fila, quem está levando tiro na rua, quem quer estudar e não consegue vaga na escola. Foi um acordo só para pagar os servidores públicos. São R$ 2,2 bilhões por mês para pagar a folha de pessoal e quanto desse dinheiro dos impostos vai para os serviços? Este redesenho tem que ser feito.

Mas hoje a folha do Estado é consumida mais com pagamento de aposentados, enquanto faltam policiais, professores, médicos na ativa. Dá para reequilibrar essa balança?
Indio — No momento não. O que temos que fazer agora é com que os serviços funcionem porque para reequilibrar você não tira dos aposentados, e sim dá mais aos da ativa e isso é impossível porque não tem dinheiro. Precisamos é focar na qualidade dos serviços. Hoje temos tecnologias, por exemplo, em segurança, que precisam estar à disposição do serviço público, até substituindo a mão de obra que falta.

A eleição de 2018 será de desconfiança. O eleitor desconfiado dos políticos e o Rio de Janeiro num quadro de escassez de lideranças. Para onde o senhor acha que vai caminhar a disputa?
Indio — Não é um momento de empolgação porque ninguém vai poder prometer grandes investimentos ou realizações. E quem prometer está mentindo. É momento de o eleitor encontrar o candidato austero, que tenha muita experiência em administração e também na política para poder lidar com os problemas do Estado. Para recuperar o Estado. É por isso que eu quero ser candidato. Fui secretário de Administração na cidade do Rio por cinco anos, tenho experiência na área previdenciária e com modelos de gestão. O que a gente fez na prefeitura do Rio foi copiado em várias cidades do país e gerou economia de R$ 300 milhões por ano. Eu sei de onde extrair recursos na máquina pública de forma decente para colocar onde importa que é na ponta, onde não está recebendo e a sociedade clama e não recebe.

O senhor acredita num afunilamento das pré-candidaturas ainda no primeiro turno?
Indio — Tanto faz. O que importa agora é o eleitor ter a tranquilidade de escolher qual candidato ele quer. Sou até favorável a candidaturas avulsas porque se pudesse ter mais candidaturas seria ótimo para o eleitor escolher. Hoje os partidos viraram funis e vão tirando a participação da sociedade do processo.

O senhor tem caminhado pelo interior do Estado e o que tem ouvido? Qual a principal demanda?
Indio — A receptividade é muito boa. Eu sou ainda pouco conhecido e estou ouvindo as pessoas, circulando no Estado, conversando e esperando uma campanha que será muito curta, com menos tempo de TV. Em relação às demandas, o principal pedido hoje, em todos os lugares, é por mais segurança. Fui a Paraty, ouvindo relatos de violência e fui em Varre-Sai e ouvi a mesma coisa. De uma ponta a outra do Estado existem problemas. O impacto da violência é muito grande nos serviços. Vamos imaginar quantas pessoas vão procurar o sistema de saúde com situações relacionadas à violência, o stress e a preocupação ou levaram um tiro, uma bala perdida, ou atropeladas. A falta de segurança impacta todos os serviços e é o primeiro problema a ser combatido no Estado do Rio de Janeiro.

Como está o PSD para as eleições deste ano?
Indio — O PSD é o melhor partido hoje do Rio. Não há nenhum outro com a capilaridade que a gente tem e estrutura própria. Mesmo sem coligação, a gente elege sete deputados estaduais e sete federais. Sozinho, o PSD é o partido que mais elege deputados, sem coligação.

O senhor falou aqui em mudança da matriz econômica de Angra, em favor do turismo e serviços. Mas esse é um processo que demora uma geração…
Indio — Não pode demorar. Se for assim, a gente tá ferrado (sic). Ou a gente entende o mundo e a realidade ou se esconde num buraco. Nós não vamos decidir qual é a matriz econômica de Angra. Ela já está definida: é o turismo. O que tem que fazer é organizar direito. Não tenho dúvidas que vamos trazer emprego e dinheiro para a cidade com os turistas. E se os outros setores, como a indústria naval, forem retomados, seria maravilhoso. Mas o que depende da sociedade aqui é organizar o setor de turismo para gerar emprego e distribuir renda.

Setor naval e turismo preocupam angrenses

A retomada do emprego no setor naval e o fomento ao turismo como atividade econômica principal de Angra foram os principais temas levados a Indio da Costa durante encontro no Centro de Angra no sábado, 9. Cerca de 100 pessoas participaram do encontro, organizado pelo empresário Dudu do Turismo e pelo PSD local.

— A resposta à nossa convocação foi muito boa. Estamos pensando em criar uma série de propostas para apresentar não apenas ao Indio, como aos demais candidatos ao governo do Estado — adiantou Dudu.

Uma das queixas em relação ao turismo em Angra foram as taxas de acesso à cidade cobradas pela prefeitura. O setor se queixa que o aumento promovido pelo município no início de 2017 não foi debatido com os empresários e está levando muitos negócios a dificuldades financeiras, ameaçando o desenvolvimento do setor.

Foto: Divulgação

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre.

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