Foi preciso ter um pouco de paciência para conseguir cerca de 40 minutos de atenção do prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (PMDB), na última sexta-feira, 22. Naquela manhã o prefeito já havia caminhado pelo Centro da cidade e chamou dezenas de pessoas para um café da manhã na sede do Governo. Uma a uma elas foram sendo atendidas com pedidos diversos, desde emprego até doações de Natal. Nada que abalasse o aparente bom humor do prefeito.

E não é para menos. Entre a situação que assumiu em janeiro e o resultado que apresenta na última semana do ano, Fernando Jordão e sua equipe têm um saldo amplamente favorável. Não foi pouco o desafio, ele lembra. Sem falar muito com a Imprensa (ele deu apenas duas entrevistas coletivas ao longo do ano), o prefeito recebeu o Tribuna Livre de forma exclusiva e falou abertamente sobre a situação do município. A seguir os principais trechos:

Qual a avaliação que o senhor faz do ano 2017?
Fernando — Eu achava que íamos chegar ao final do ano numa situação muito pior do que chegamos. Para você ter uma ideia, na questão salarial, nós praticamente pagamos quatro folhas de pagamento a mais do governo anterior. Hoje é dia 22 e nós já pagamos o décimo-terceiro e os salários de dezembro. Antes do Natal. Colocamos a prefeitura para funcionar. Quando eu assumi, a prefeitura estava funcionando em meio expediente e pagando hora-extra e bonificações. Era uma desorganização financeira e administrativa total.

A prefeitura, o senhor fala, teve de ser reorganizada. O que foi mais difícil?
Fernando — Foram as decisões que nós tomamos logo nos primeiros dias de Governo. Quando souberam que eu seria candidato, as pessoas, a minha família, todos me procuravam e diziam: ‘Você em certeza que quer isso?’. Todo mundo dizia que a prefeitura estava falida, que seria impossível. Eu fui eleito e ainda estava na Câmara Federal e ao começarmos os primeiros levantamentos sobre a cidade já era uma coisa horrorosa. Mas nós estamos conseguindo. A gente tem varinha mágica? Não. Foi possível sobretudo com as decisões tomadas nos primeiros dias. Acabamos com o Passageiro Cidadão (e não tem condições de voltar); eliminamos 800 cargos comissionados e tivemos de ter muita coragem para isso. Aliás essa foi a coisa mais certa que eu fiz. Um monte de gente disse que eu não ia conseguir governar, que eu não ia reabrir a UPA, que não ia colocar os salários em dia, enfim, era o que todo mundo achava. E pior, nos dez primeiros dias de governo, a gente percebeu que o buraco era muito maior que a gente imaginava. Era preciso tomar medidas duras, amargas. E nós tomamos.

Houve algum momento em que o senhor pensou que não dava para resolver?
Fernando — Houve. Houve sim. Mas a gente não para pra pensar nisso. A gente sabe que a situação é difícil e não adianta chorar ou reclamar. Tem que trabalhar, reduzir despesas, contratos, horas extras, enfim… E mais: o que encontramos aqui de legal, a gente pagou. Quem não tem legalidade, nós não pagamos. E nisso o Veníssius (foto – secretário de Governo) foi um personagem fundamental porque ele é muito ‘bem mandado’.

Como assim? O senhor está mandando recado para alguém, prefeito?
Fernando — Não, nenhum. Mas serve para quem acha que o Veníssius é muito duro, rigoroso. Mas se ele não agisse assim, eu não o teria colocado na posição em que ele está. Com a dificuldade que a gente está enfrentando, se a gente não tiver firmeza nas decisões, vai tudo para o buraco. A Conceição (ex-prefeita) não conseguiu sair do buraco que ela criou. Não tem mágica.

E qual o papel dele (do Veníssius)?
Fernando — Dizem que eu viajo muito. Eu não viajo tanto, mas se a gente não sair da cadeira e for a Brasília buscar recursos, não tem. O Veníssius tem que cuidar do funcionamento da prefeitura, de todas as secretarias, sob a minha orientação. Ele sabe como eu gosto que as coisas funcionem. O que ele não pode decidir, ele discute comigo. É assim que funciona entre nós e funciona bem. O Veníssius é um excelente secretário de Governo.

O que mais preocupa o senhor hoje em dia?
Fernando — Não tem nada resolvido ainda. Em relação ao ano que vem, a ordem é a mesma. O país em que nós estamos vivendo é o mesmo de um ano atrás. Não mudou nada, aliás até piorou. O Estado do Rio, estamos vendo o caos em que está. A prefeitura está recebendo menos dinheiro. Este ano foram R$ 45 milhões a menos. O que a gente tinha de fazer? Reduzir o nosso custo. E nós conseguimos reequilibrar financeiramente a prefeitura e no ano que vem a gente já começa a ver uma luz para fazer algum investimento. O aperto vai continuar porque ainda tem dívida para pagar.

O que a população pode esperar do ano que vem?
Fernando — Muito trabalho e muito otimismo. Vamos continuar melhorando a saúde e a educação. Eu sou um otimista, senão eu não encarava esse ‘pepino’.

Ano que vem teremos eleições e dois secretários são pré-candidatos (Veníssius e a primeira-dama Célia). Qual será o papel do senhor?
Fernando — Eu não tô com a mínima preocupação com campanha. Os dois, se forem candidatos, eles têm que trabalhar. Isso aí é só no ano que vem. Tá longe ainda. Se eles trabalharem bem, terão menos dificuldades. Será uma eleição diferente, com menos dinheiro e menos toma-lá-da-cá. Estou feliz por isso. Fui eleito deputado enfrentando candidato que teve 200 mil votos. Eu fui eleito com meu trabalho.

O senhor parece feliz…
Fernando — Muito. Fizemos muito mais do que eu imaginava, pagamos os salários em dia, asfaltamos 54 ruas no Perequê, fizemos melhorias na distribuição de água, abri a UPA Infantil, que é um sucesso. Estou feliz. O astral da cidade hoje é outro, com tudo em dia e funcionando. Só posso agradecer a Deus e aos servidores que estão trabalhando duro.

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Publicado antes na edição 202do jornal Tribuna Livre.

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