Um pequeno grupo de jovens e familiares do adolescente Gabriel da Cunha de Campos (foto), 18, morto há uma semana em Angra dos Reis, fez um protesto discreto neste domingo, 3, no Balneário, no mesmo local onde o rapaz foi morto. Com cartazes e instrumentos musicais, o grupo defendeu a inocência do jovem, assassinado em um episódio polêmico que ainda não foi completamente esclarecido. Eles também cobraram a liberação de imagens dos arredores do local, inclusive do supermercado ao lado, a fim de talvez esclarecer o que houve de fato. Gabriel foi morto na manhã do sábado, 26, após um desentendimento com um homem que, segundo testemunhas, seria uma espécie de vigia do supermercado.

Outras duas versões para o crime circularam pelas redes sociais e estão sendo apuradas pela Polícia Civil. A primeira delas, difundida por meio de grupos de mensagens momentos depois do crime, era a de que Gabriel teria tentado assaltar o estabelecimento que, no entanto, estava fechado na hora do tiroteio. Outra é a de que o rapaz teria resistido à abordagem de um policial militar. A Polícia Militar (PM) foi chamada por populares para conter Gabriel e um amigo, que estava com ele. Ambos estariam fazendo ‘arruaça’ na porta do supermercado.

Na edição impressa do Tribuna Livre, uma testemunha relatou que por volta das 6h40 do sábado, 26, teria havido uma discussão de Gabriel e um amigo com um dos vigias do supermercado. Este profissional é que teria ameaçado o rapaz, e em seguida efetuado disparos de arma de fogo. Um deles atingiu a cabeça do jovem, que morreu no local. A testemunha admite que Gabriel e o amigo estavam alcoolizados na hora do incidente. E que, de fato, discutiram com pelo menos uma funcionária do supermercado, sem no entanto, terem tentado roubar, já que o estabelecimento estava fechado. Também não há informação de que Gabriel estivesse armado.

— O Gabriel estava com fome pois tinha ficado a noite toda bebendo. Ele foi em direção ao mercado para comprar um biscoito e depois iria embora para o Perequê. O mercado ainda estava fechado e ele perguntou a uma funcionária que horas seria aberto. Ela não respondeu. Gabriel discutiu com a mulher e xingou a funcionária. Um segurança foi chamado então e já saiu de arma em punho. Houve uma discussão entre os dois e o vigia mandou o ‘Biel’ embora, mas ele não foi. Depois houve um tiro e o amigo que estava com ele correu. Em seguida houve mais três disparos, mas o ‘Biel’ já estava sozinho — relatou um amigo da vítima ao Tribuna Livre, por telefone.

A versão do amigo garante que o segurança teria dado o tiro em direção ao rapaz como forma de ‘advertência’, a fim de expulsar os dois jovens da vizinhança do mercado. Um deles correu em direção ao Parque das Palmeiras e diz ter ouvido mais três tiros. Não havia Polícia no local até então, segundo esta testemunha.

Os relatos indicam que uma guarnição da PM chegou depois e já teria encontrado o rapaz ao solo, diante do muro do quartel do Corpo de Bombeiros, no Balneário. O desafio da Polícia Civil é descobrir quem deu o tiro fatal. Familiares e amigos querem que o estabelecimento dê acesso às imagens do mercado, para talvez ajudar a esclarecer o que houve de fato. O caso será investigado pela 166ª DP (Angra) e é de praxe que sejam solicitadas todas as imagens que possam existir nos arredores.

Procurada pelo Tribuna Livre, por meio de seu porta-voz, a Polícia Militar não quis dar informações sobre o episódio. O mesmo relato feito ao Tribuna Livre está com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP/RJ), que promete acompanhar o caso.

Protesto — Durante o pequeno protesto deste domingo, 3, pelo menos duas viaturas da Polícia Militar acompanharam a manifestação. Não houve confronto. O corpo de Gabriel foi enterrado no domingo, 27, no Bracuí. Ele era morador do Parque Mambucaba. Os amigos criaram a página ‘Biel é Inocente’ e marcaram outro protesto para a segunda-feira, 11, no Centro da cidade, data em que se completarão duas semanas desde o falecimento.

Publicado antes na edição impressa nº 239 do Tribuna Livre.

Fotos: Reprodução

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